Após solenidade realizada na tarde de sábado, dia 3 de setembro, na Praça do Carmo, o 28º Festival de Artes de Itu foi aberto oficialmente com quatro apresentações temáticas que enfocaram a cultura regional. A atriz Débora Nunes, a dupla Nenê do Cururu e Denis Vieira, Orquestra Ituana de Viola Caipira e atores ituanos da Yara Produções Artísticas fizeram um espetáculo tocante que encantou o público presente.

 Débora Nunes abriu a apresentação com "Prosa Grande", um emocionante esquete onde interpreta a personagem "Caterva", uma senhora que vive na zona rural. No monólogo, ela revela que a tradição de Itu ser a terra onde tudo é grande nasceu no campo, já que as cebolas e as espigas de milho que eram plantadas em terras ituanas nos anos 1819 "nasciam muito grandes". Caterva também fala sério e dá um recado contra a discriminação do "caipira raiz". Mostra que as pessoas simples que vivem no campo, apesar de não terem estudo, possuem uma sabedoria peculiar, como acertar a previsão do tempo apenas observando o céu e sabem, pelo movimento da mata, qual o bicho que vem vindo ou está passando nas imediações do lugar. À capela, Caterva também cantou a música Fogo no Rancho, de Mazaropi e encerrando a cena, chamou Nenê do Cururu.

 Nenê do Cururu, acompanhado de Denis Vieira, na viola, divertiu o público com histórias e piadas engraçadas e fez uma explicação sobre significado do seu estilo musical em verso trovado que caracteriza o nome artístico dele. Segundo o cantor, no nordeste, a canção ou declamação feita de improviso, com rimas, é conhecida como "repente" e quem faz essa arte é repentista. Em outras regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, esse mesmo estilo é conhecido como desafio e, no estado de São Paulo, a canção improvisada, composta na hora e cheia de rimas, é chamado de cururu. E entre um "causo" e outro, a dupla ainda cantou, além do cururu, canções do sertanejo clássico. 

 Show bastante aguardado pelo público, a Orquestra Ituana de Viola Caipira fez uma apresentação primorosa, optando pelo som acústico, que é tocar sem utilização de microfones e nem de amplificadores. Mesmo assim, as dezenas de violas, afinadas em tons diferentes e regidas por Célia Tretel, tomaram conta do palco da praça e durante aproximadamente uma hora, fez a plateia cantar e se deliciar com músicas conhecidas. A cada música, muitos aplausos.

 Encerrando o espetáculo de abertura do Festival de Artes, o elenco do Yara Produções Artísticas apresentou "Aquarela Caipira - As 7 Artes por Almeida Júnior", que tem texto de Chicó Ferreira e Liliane Navarro. Entre o palco e a plateia, durante o desenrolar da história, o desenhista e artista plástico Lucas Navarro fez um live paiting, (desenho ao vivo) e, ao final da peça, apresentou o seu trabalho: uma releitura do famoso quadro "Caipira picando fumo", de Almeida Júnior.

Festival de imagens 

 As artes visuais no festival deste ano ganharam um espaço de destaque. Durante todo o evento, pelas ruas do centro histórico, acontece a exposição fotográfica "Itu, um patrimônio do Brasil", por Juca Ferreira, quando, nas janelas dos imóveis, estarão sendo exibidos banners com trabalhos do fotógrafo, recentemente agraciado com o título de Cidadão Ituano outorgado pela Câmara Municipal.

Confira quem esteve na abertura do 28º Festival de Artes de Itu

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